Assunto: Um sonho em meio à tempestade, ou seria pesadelo? Qui maio 21, 2020 6:36 pm
A chuva chega a Pedra do Trovão, nuvens carregadas encobrem parcialmente a Lua e água cai como para lavar os pecados ocorridos durante o primeiro dia de festival, trovões soam ao longe enquanto os aventureiros sonham com seus desejos infames e seus medos secretos.
Em meio ao turbilhão de sons um único e longínquo barulho se sobrepõe a chuva, apesar disso é difícil distingui-lo até que vagarosamente se aproxima cada vez mais, como uma sinfonia macabra torna-se cada vez mais alto e claro. O barulho se assemelha ao de um bater de gigantescas asas, que com seu poder abre as janelas, derruba os móveis, arranca a paz e desvela-os de suas camas...
Sozinhos em meio a uma escuridão profunda, num limbo de cor e luz, de lugar algum e de todos os cantos, de longe ou ao pé de vossos ouvidos, ouvem, cada um em seu idioma primitivo, apesar de um claro sotaque élfico:
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais, A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo, A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais! Disse o corvo, "Nunca mais".
"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais. Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais, Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!" Disse o corvo, "Nunca mais".
"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte! Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais! Não deixes pena que ateste a mentira que disseste! Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais! Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!" Disse o corvo, "Nunca mais".
Enquanto o poema é recitado, a medida que seu versos crescem a imagem de um corvo albino de olhos vermelhos surge do próprio limbo, tomando toda a visão, como se só aquilo existisse e fosse somente o que importasse. O bico se abre, prestes a serem devorados, consumidos ou a entrarem nas entranhas do próprio animal, novamente a voz se pronuncia, desta vez em tom dúbio: “Nunca mais?”
Angus Einsenhardt
Mensagens : 32 Data de inscrição : 08/04/2020 Localização : No forja, óbvio. Onde mais estaria?!
Assunto: Re: Um sonho em meio à tempestade, ou seria pesadelo? Dom maio 24, 2020 11:25 pm
A tensão em forma de gostas frias escorrem meu rosto denso. A respiração ofegante, as mãos trêmulas...
Corro para fora do meu quarto, pisando desajeitadamente sobre o assoalho de madeira. Desço o lance de escadas que vai até a repartição da sala. Acabo tropeçando no último degrau, caindo de ombro no chão frio, porém minha vontade é mais forte. Com um urro de raiva, me ergo as pressas, puxo a porta sem delicadeza alguma e parto para fora, em meio a chuva, apenas eu, a grama molhada e meu pijama que nada mais é que uma bermuda velha de pano e minha fé no Pai dos Anões. Correndo, sentindo a terra encharcada invadindo o espaço entre os dedos dos meus pés, corro até a parte esquerda desse casarão que doei anos para erguer e construir com cada gota de suor e sangue anão digna e necessária: O lado da criação, minha forja.
Sobre minha mesa de trabalho, logo no centro daquela parte coberta está a razão da minha dor de cabeça e agora, conforto: Um saco de estopa marrom claro, esfarrapado e imundo. Dentro do mesmo está dois escudos reluzentes, feito de metais diferentes, porém resultando em belas ferramentas, escudos de platina e mithril.
_ Por Moradin... Aqui estão vocês, seus miseráveis. - digo aos escudos, para reconfortar minha mente naquela noite tempestuosa.
O que diabos foi esse sonho? Um corvo? Esse foi diferente, era um corvo negro... Um diabo? Será que se refere ao jovem que falava com a moça de olhos estreitos ou com a donzela dos nove infernos? Profesta? Poderia ser a donzela desta vez, já que ela é "dos infernos", porém pode ser aquele pequenino atrevido que semeou discórdia na taverna hoje cedo.
Peguei meu escudo novo, aquele com a feição de um Deus que não é meu, porém ele me representa o suficiente. É uma ferramenta que já foi bela e reluzente, que serve para proteger, mesmo que se parta por um raio, foi forjado em fogo e sangue anão e acima de tudo, é feito do metal originado pelo sangue de Moradin, o metal anão ancestral, mithril.
Com a tira de couro tensa em meu antebraço, caminhei para fora da área coberta, sob a chuva incessante... Pouco entendi sobre o sonho que tive, porém uma parte entendo muito bem.
"Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais! Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!
_ Nunca mais!! - Gritei enquanto as gotas esmurravam meu rosto, usando todo o fôlego que havia em meus pulmões, bradando como um trovão na noite. - Por Moradin, nunca mais!!!
Graal Admin
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Assunto: Re: Um sonho em meio à tempestade, ou seria pesadelo? Qua maio 27, 2020 3:45 pm
Em meio a chuva com o pensamento ainda atordoado pelo sonho, Angus vê o poder da Natureza em ação, o vento, a chuva, e tudo ao seu redor é de uma energia que o envolve de maneira quase extasiante. Os pingos de chuva caindo sobre o corpo musculoso do velho anão fazem com que sua alma seja refrescada por um alívio que limpa um pouco do medo que o sonho havia inspirado.
Todavia sua visão cansada mas experiente capta algo vindo da direção da Jardim Vermelho, mesmo bem longe, ele percebe, no limite do bosque que corria até seu casarão, vultos violetas bem pequenos se movimentando, na direção de onde Angus sabia ser o rio, e uma explosão mágica atingir um dos vultos. Faria total sentido pensar em algum briga de arruaceiros depois de uma noite de tanta bebida, mas não de arruaceiros mágicos, aquilo era um problema grande acontecendo.
Ele sabia que tão longe, ele não chegaria a tempo, mas ele estava perto da ponte do Crânio do Veado, talvez, se a atravessasse, ele conseguiria cortar caminho, ja que por ali a estrada ainda seguia, razoavelmente segura, antes de se embrenhar em Hullack.
Era a única possibilidade de chegar próximo do que acontecia, se corresse bastante.
Angus Einsenhardt
Mensagens : 32 Data de inscrição : 08/04/2020 Localização : No forja, óbvio. Onde mais estaria?!
Assunto: Re: Um sonho em meio à tempestade, ou seria pesadelo? Qua maio 27, 2020 7:52 pm
Um sorriso rompe a quietude da paz em meio a tempestade. Correndo rumo a mesa de trabalho, jogando papeis com anotações para um lado e instrumentos para o outro, separando a bagunça em coas sob a área coberta buscando a salvação daqueles que precisam de mim. Daqueles que eu eu preciso.
Com as mãos duras e pesadas, gostas escorrendo pelo antebraço tenso, deslizando pelas costas das mãos calejadas, viajando entre os meios dos dedos, cá está em minha posse: Um reluzente escudo adornado por escritas anãs, imbuído de uma magia ainda desconhecida. Belo e majestoso, o escudo forjado em platina e mithril, o escudo do Deus dos três trovões.
_ Nunca mais, eu disse. - Digo olhando para a face da entidade moldada no escudo.
Sem tempo a perder, a tira de couro se encaixa em meu antebraço esquerdo, passo a mão sobre o martelo leve e o carrego com a mão livre, deixando o escudo apenas sustentado pela tira de couro. Vou até a área coberta e acordo meu fiel companheiro de trabalho: Um pônei cinzento, com manchas escuras como se tivesse se sujado de fuligem e não fosse limpo direito... Agora, pensando bem, é uma possibilidade.
_ Vamos, pônei. Temos trabalho a fazer._ Digo, enquanto monto nele.
Ao som de trovões e chuva intensa, parto trovejante rumo ao rio. Os barulhos indicam que algo está se movendo para lá e Por Moradin, eu vou acabar com essa bagunça.
_ Vamos, Pônei! Para o combate! Yah!!
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Assunto: Re: Um sonho em meio à tempestade, ou seria pesadelo?