A curiosidade de Olothar - Akemi e Alícia

Alícia um pouco envergonhada havia tomado um puxão de orelha de Olothar pela ímpeto de sua atitude, ele havia dito em meio a uma série de palavras duras "antes de salvar alguém, preocupe-se em não atrair mais perigo pra vocês".

Com um pouco de dores espalhadas pelo corpo, Akemi começa a voltar a si, quando ouve o final da frase.

- No entanto gostei de vê-la abdicar-se de algo importante, por sua amiga, devem se conhecer há anos para essa demonstração de cuidado, ah... olhe ela...Você tem... talentos minha jovem, de onde vêm?


O local onde estão é o gabinete de Olothar, um local de mobília sóbria e parca, trabalhada em madeira nativa e bem iluminada por castiçais bem alocados. Mapas podem ser vistos em cima de sua mesa, além de uma manequim com sua armadura, e uma coleção de armas também disposta ao longo da sala de maneira estratégica, dando a impressão de um homem pronto para a ação. Poucos livros estão sobre um móvel no fundo da sala, enquanto ele esta sentado em uma cadeira próximo as duas.

Akemi está numa espécie de divã, talvez Olothar passe mais tempo ali do que o ideal pra sua saúde.

Assim que acorda Akemi faz um inventário de seus ossos e percebe que nada está quebrado, com cuidado se senta e olha para o homem que a questiona.


- Sou Akemi Amouteru, venho do Mosteiro da Rosa Amarela.
Sai de lá em missão faz alguns meses e algumas pistas me trouxeram até aqui.
Obrigada por me socorrer, tudo que me lembro foi de sentar pra cuidar do corte e acordar aqui.

Ela olha pra Alicia e sorri, aquela menina era um pequeno diamante bruto, com o polimento certo se tornaria uma bela jóia.
Ainda sentada olha ao seu redor, procurando algo, teria sido só delírio de sua mente cansada ou tinha mesmo visto o estranho homem de cabelos de prata?

Alícia ri sem graça coçando a cabeça.

- Hehe... Sabe como é... Não pensei direito. Achei que ela ia morrer ou sei lá, algo pior.

Realmente, Alícia ainda se perguntava o que teria acontecido se a luta continuasse. O que Akemi tinha por detrás de toda aquela habilidade, que poderia faze-la perder o controle? Estava bem curiosa sobre isso.

- Eu conheci ela hoje, moço. Mas é mais gentil que qualquer pessoa desse reino. Dinheiro não importa, ele vem e vai. Hehe, as pessoas vão lembrar desse dia. Foi mal Akemi, só quis ajudar.

Ela dá um sorriso mas parecia meio triste com o resultado.

* Olha para Alícia com o esboço de um sorriso, mas apenas diz*

- Existem tesouros maiores que o dinheiro, alias qual teu nome?

* Espera a resposta e após se vira para Akemi*

- Missão? HUmmm, Alias, meu nome é Olothar e atualmente sou o regente local, não por minha opção, é um prazer conhece-las.

*Ele serve-se de água e indica para ficarem a vontade, e fica olhando para Akemi, como se esperasse ela continuar*

Akemi se levanta e vai até Alicia, a envolve em um abraço apertado, e lhe sussurra no ouvido,

-Está tudo bem, obrigada por me apoiar, mesmo sem saber nada sobre quem sou,e não importa o que seja, você sempre vai poder contar comigo.

Aceitando a água continua

-Estou caçando um grupo de cruéis assassinos e desputas, segui as pistas até aqui com meu pupilo, que agora está pesquisando no templo de Tempus, aqui está minha carta de recomendação é também meu passe da Ordem dos Flagelados.

Ela.a mantém nos braços por um tempo, depois se afasta e arruma uma mecha de cabelo para trás da orelha da menina.

- Sou Alícia senhor... - ela olha um pouco desconfiada, ainda mais quando ele diz ser o regente local, mas dá de ombros. Algo naquele senhor lhe passava confiança.

- Assassinos?? Aqui na cidade?? Nossa... Será por isso que há tantos guardas em volta daquele Lorde?? Hein, senhor, tá acontecendo alguma coisa?

Olothar arregala os olhos ouvindo a historia de Akemi, pega o pergaminho, mexe em alguns livros e confirma a veracidade do brasão que acompanha a mensagem. A preocupação de Olothar dá a entender que aquela informação era nova, e talvez pudesse oferecer luz ao que acontecia na cidade, ou será que na verdade era um novo problema que se iniciava?

- Continue

Akemi se afasta de Alicia e se senta no divã, coloca as mãos no colo e encara o Prefeito como se avalia-se se valia a pena continuar com seu relato, respirando fundo continua:

-Estamos no encalço desse grupo desde Sembia, onde ouvimos boatos de que ele atravessaram a fronteira com Cormyr, eles são difíceis de se detectar e mais difíceis de se capturar, me senti perseguindo fumaça.
Com alguma dificuldade descobri fatos interessantes que estão acontecendo aqui na cidade, mas tudo ainda é muito nebuloso para se tirar alguma conclusão, preciso apurar mais a fundo as questões que levantei.
Meu pupilo é um paladino de Ilmater e está no Templo de Tempus estudando alguns registros, em breve vou me encontrar com ele.
Não é nossa primeira caçada juntos, sem duvida é a mais difícil até o momento.
Meu Abade pode lhe dar mais informações, eu não tenho autorização para revelar mais detalhes da minha missão.
Agradeço a ajuda na arena e sinto se lhe causei algum infortúnio, mas peço permissão para retornar a taverna que estou hospedada, o Jardim Vermelho, foi um dia bastante agitado e desejo descansar.


Levantando faz uma pequena reverencia e fala para Alicia:

-Vamos minha menina, você deve estar tão cansada como eu estou.

Ela aguarda o Prefeito dar sua permissão pra sair.

- Tá bem mas... Perai. - ela seguia Akemi mas então se vira para Olothar novamente.

- O senhor disse que é Regente daqui mas não por opção. O que houve com o antigo Regente?

Com a feição severa, Olothar se dirige a Akemi:

- Não!

Tentando não parecer muito rude, o que é notoriamente difícil para o homem de armas, ele continua.  

-Desculpe, minha jovem, não é simples assim. Eu poderia simplesmente prende-la para extrair mais informações, mas prefiro dialogar. Sente-se um pouco, um oficial meu irá a taverna encontrar um senhor hoje, e oferecerá carona à vocês.

- Senhorita Alícia, o antigo responsável era um Arauto de Wheloon, mas como sabem, é uma cidade que não está tão próxima, necessitávamos de um poder local, para fazer valer um pouco de ordem, numa cidade abandonada pela corte, mas ao mesmo tempo tão assolada pelos problemas do reino. Ele apenas deixou de fazer valer sua autoridade e as famílias locais me incumbiram desse fardo, prefiro outras lutas, mas eu era o nome neutro entre as intrigas.

Ele faz um pausa para tomar um pouco de água e continua enquanto mexe em alguns mapas.

- A tua performance no campo de batalha me impressionou, não a chamei aqui só para restabelecer tua saúde e não te ajudei, espero na verdade que vocês me ajudem. Soube de um grupo que estava tentando se municiar de equipamentos e requerendo informações ao longo de toda a tarde na cidade. Sim, as notícias chegam rápido, principalmente em uma cidade com medo até da sombra. Como descobriram, estamos sendo alvo de ataques há alguns meses, mas à revelia dos comentários, ainda não temos pistas de nossos inimigos. E agora, a senhora me chega com informações de novos problemas, ou seriam os mesmos? Entenda, não posso deixá-la sair agora. Preciso compreender, quem é o teu alvo? A quem eles servem?

Ao ouvir o não ela se vira para Olothar


-Senhor Prefeito, essa organização serve a Orcus e Vecna, são criaturas sórdidas e cruéis, minha Ordem os caças faz um tempo, se essa cidade estiver sobre o a ameaça deles, nem precisa me pedir ajuda, eu vou defende-la com tudo que tiver, mas por favor não me julgue indelicada, mas não me ameace de prisão, nada fiz de errado para receber tal injuria.
Meus votos são de sempre ajudar os que precisam ou buscam minha ajuda.
Os caminhos da fé de Ilmater me trouxeram até esse local e pelo que vejo as coisas não estão tranquilas, então estou no lugar onde preciso estar.
Que demanda tem em mente para minha pessoa?
Mais alguma pergunta?



Akemi sorri de canto de boca, ela espera a liberação do Prefeito para sair.

Olothar olha a garota por alguns segundos, parece pensativo, preocupado, e só então responde.

- Há algumas décadas fui como você, estive na caça de várias criaturas por todo o reino e talvez mais algumas terras, os costumes, a cultura, os meios da intriga, eram todos bem diversos, mas o que era mais comum em todos eles? A injustiça. Prenda antes, mate antes, pergunte depois. Eu tenho o poder de prendê-la, querendo ou não esse cargo, eu tenho, mas não quero.

Bebe mais um gole d´água.

- Mas pense comigo, coloque-se em meu lugar, afinal, tua amiga tentou subir no camarote de um dos lordes mais importantes da cidade e de Cormyr - olha para Alícia de canto de olho, com seus olhos atentos, mas com o brilho mais atenuado por grossas sobrancelhas brancas-, você avisa estar lidando com um grupo de pessoas que são os piores assassinos, e antes que eu termine minhas perguntas deseja ir embora. Será mesmo, que diante de todo esse contexto, eu estou te ameaçando ou simplesmente te pedindo um favor? Ignore isso e venha aqui.

Ele aponta marcas no mapa.

- Se como afirma, vieram de Sembia, na parte leste de Cormyr, e os ataques tem sido aqui e...aqui - numa região a oeste da cidade- é difícil, mas não necessariamente impossível, que seja o mesmo grupo. O que preciso de vocês? Eu não posso sair de Pedra do Trovão, nosso contingente é pequeno, e não há números suficientes para descobrir o que está acontecendo nas estradas. Enquanto estão aqui dentro posso protegê-los, mas quando saírem o que será deles?

Ele anda até a porta abrindo-a.

- Meu tenente as levará para a Jardim Vermelho onde a senhora Tarihir as espera, junto a um associado de nossa cidade. Pensem a respeito.

Quando e se Akemi sair, ele perceberá as marcas em seu pescoço e apertará discretamente a maçaneta da porta com força, a única expressão que trairá o que se passa dentro de seus pensamentos.

Alícia não consegue conter o sorriso quando ele menciona sua tentativa de subir no camarote.

- Lorde mais fresco, ele não aceitaria falar comigo, por isso tentei do meu jeito. Eu só preciso falar com ele...

Era notável que Alícia não tinha jeito para etiquetas e que a vida toda usou de meios alternativos para conseguir o que queria.

Ela gostava da atitude de Akemi. Afinal sua lealdade era para com sua missão e propósito, e não para os Lordes.

No entanto ela fica apreensiva com a insistencia de Olothar. Quando param na porta ela fala:

- Eu revirei essa cidade, e tudo aqui fede a podre! Mas não ouvi nada ruim de ti. Eu vou ajudar, mas o senhor vai ter que me dar aquela mão! Ajuda aí, me leva até o Ildor. É bem importante.

Ela olha para Akemi, entendia que ela queria ir embora e a acompanharia, não a deixaria sozinha em carruagem de Lorde, nem ficaria sozinha ali com Olothar.

Akemi se encaminha para a porta, ao passar por ela olha uma ultima vez para Olothar.
- O Senhor sabe onde me encontrar, não deixarei de lhe ajudar, podemos pensar de formas diferentes, mas em uma coisa concordamos, odiamos injustitiça.

Ela olha pra Alicia e faz sinal para a acompanhar.

Quando Alícia sobe na carroça, logo já começa a comentar com Akemi, com cuidado para que o cocheiro não ouvisse.

- Parece que ele tá com o ** na mão. Eu sabia, eu sinto cheiro do problema. Não acha esquisito isso Akemi... Quer dizer, ele sabe de todos esses ataques e ainda assim não cancelou o Festival. Isso coloca muita gente aqui em risco. Bem coisa de Lorde que só pensa no dinheiro né...

Alícia estava incomodada com aquilo. Os ricos não se importam com o que ocorre com os demais, desde que seus bolsos estejam cheios.

- Esse Olothar parece um pouco diferente dos outros Lordes daqui, mas ainda assim, acaba se submetendo às vontades deles. Se tem ataques, tem que mover as defesas e proteger o povo! Olha pra essas pessoas! - Ela aponta para todos que estão na rua aproveitando as festividades. - Eu sei que o festival vai ajudar muitos vendedores pequenos, mas do jeito que eu sei que é a coisa, quem vai se fartar mesmo é a Corte! Se não fosse assim, não tinha tanto assalto nessa cidade. Grrr como eu odeio esses Lordes!

Akemi se senta e começa a arrumar suas roupas, fecha seu colarinho e responde para Alicia:

-Ele está preocupado Alicia, imagine estar no lugar dele? Ocupar um cargo que nunca desejou, e ainda ter todas essas ameaças ao povo, que ele precisa proteger, eu estaria de mau humor também.
Os Lordes sempre lucram, e parece que aqui não é diferente, o que podemos fazer é ficar atentas e cuidar do máximo de pessoas que pudermos.

Olhando para os habitantes locais, seu rosto se fecha em uma expressão de tristeza.

-Os mais fracos sempre pagam o preço da ambição dos mais fortes, tem coisas que não mudam, indiferente do lugar, as pessoas não estão preparadas para mudar.

-Obrigada pela confiança lá na luta, acho que nunca tive alguém que torcesse tanto por mim.

Akemi pega a mão de Alicia e dá um beijo.

- Como não?? Você é incrível, aquele velho não vai esquecer dessa luta!!

A garota fica até um tanto envergonhada, só uma pessoa na vida havia tratado Alícia daquela forma. E era muito boa esta lembrança. Alícia sorri e quase dá um abraço apertado em Akemi, mas aí lembra que ela está toda dolorida!

- Ui, foi mal!! Olha... Você tem razão... Olhos bem abertos...

Alícia pelo caminho observa como está o movimento das pessoas e se percebe algo estranho.