A canção da Morte

Perdida em seus pensamentos dá um pequeno pulo em sua cadeira ao ouvir a voz profunda do tiefling, seu cheiro era familiar, respira mais profundamente e arregala os olhos para seu interlocutor.
Que sagaz! Então ele não era amante dela, tinham o mesmo cheiro porque são da mesma espécie.
Abrindo um grande sorriso, fala:

- E eu não vou te sufocar com o travesseiro.
Sabe você fica melhor assim.
Tenho algo para ti, deixei na sua cama, embaixo das cobertas.

Sorrindo ainda analisa cada detalhe dele, era imprecionante a mudança, não ia falar nada para os outros, esse segredo não era seu.

O oficial, levanta-se de forma rígida e cumprimenta-o formalmente.

- Boa noite senhor Corvinus. Sim, sou eu, pelo visto já foi avisado pelo prefeito sobre o grupo ao qual ele se referia?!

Scorn pende a cabeça em sinal de confusão, antes de um sorriso se formar no canto de seus lábios. Repousa o ensopado na mesa e puxa uma cadeira para se sentar.

-Ah,sabia que alguém perceberia meu truque mais cedo ou mais tarde! - Diz tranquilamente - Mas vejo que não sou o único com segredos, não? Se o que ouvi sobre uma certa senhorita vencendo o torneio de lutas... Mas agradeço pelo presente, verei assim que for me recolher! Também prefiro assim, mas a maioria das pessoas se sentem mais a vontade próximas de Caldwell, o nome é Scorn, aliás.

O tiefling toma mais um pouco do seu ensopado, observando as pessoas do recinto. Os comentários haviam se espalhado agora que se afastara do balcão, mas ainda podia discernir alguns sussurros mais indiscretos. Porém seus olhos repoisaram à mesa de Lorde Corvinus.

-A senhorita parece saber se cuidar, então não vou gastar seu tempo sobre como a nobreza opera. Mas, se quiser um conselho, algo no fundo da minha alma diz que algo muito estranho vai acontecer...

-Olá Scorn, pode me chamar de Akemi, todos temos segredos, o seu está seguro comigo.
Foi um empate, ele era muito bom, recebi uma bela surra.

Ela segue o olhar dele até Killua e seu rosto fica triste.

-Sei melhor que ninguém como os nobres se comportam, pegam o que querem e deixam as "sobras" pra trás, mas as vezes eles podem ser ensinados que mesmo quebradas, as "sobras" ainda tem dentes.

Dá um sorriso mostrando pequenos dentes pontudos.

-E sim meu jovem eu sei me cuidar, as coisas estranhas acontecem todos os dias, só precisamos estar atentos para lidar com elas.

Akemi tira um pequno bule e duas xícaras da manga do vestido, as coloca na mesa.

-Aceita um chá?

Scorn faz um sinal de agradecimento quando Akemi comenta sobre manter seu segredo, e logo em seguida dá um sorriso, alguém na mesa parecia saber morder.

-Haviam muitos piratas no porto onde cresci... Adoravam as cartas, mas a maioria é de péssimos perdedores, mas enfim... Eles tinham esse ditado "tire tudo deles, não dê nada em troca"... Não precisa ser tão extremo, mas a ideia é válida!

Observa quase admirado a moça tirar o conjunto de chá de dentro da manga. Ou ela era muito boa, ou havia algum encantamento nos utensílios, talvez no vestido. Não seria a primeira vez que veria algo assim, mas a pessoas geralmente não guardavam artigos de cozinha em bolsos mágicos.

-Lugar interessante pra guardar isso aí! Também guardo algumas cartas na manga...

Fez um movimento com a mão e a moeda de cobre em seus dedos desaparece, dando lugar à uma carta toda negra com alguns detalhes em vermelho. Fez outro movimento e a carta foi novamente substituída pela moeda, a qual recomeçou a dançar por entre os dedos do tiefling.

-Literalmente... - Disse em tom jocoso - Mas, respondendo, sim, chá seria bem vindo!

-Cartas, moedas, árvores, posso ter até um navio!
Nunca se sabe do que uma dama vai precisar...

Akemi sorri abertamente, aquilo tirava todo o ar de seriedade dela, a deixando com um jeito travesso.

Coloca a xícara à frente dele é derrama um aromático chá de jasmim.

-Gosto de truques de cartas, já viajei com uma trupe de circo, até me apresentava com eles.

Dando um sorriso maroto

-Adivinhe qual era meu número.

A resposta definitivamente pegara o tiefling de surpresa, e ele deixara escapar uma risada mais alta do que pretendia. Olhou rapidamente à sua volta, esperando não ter chamado mais atenção do que já chamava.

-Agora, isso é um truque que eu gostaria de ver!

Ele observa Akemi servir o chá. A infusão já estava pronta e quente, então aquilo respondia parcialmente sua pergunta. A chaleira ao menos ele tinha certeza de que era mágica.

-Gosto de truques também, eventualmente me apresento na rua por alguns trocados, mas não diria que sou bom o bastante para me apresentar profissionalmente com uma trupe de circo... Ou roubar nas cartas de um torneio em um festival... Mas vejamos... - Fez uma pausa pensativo - Dizer que fazia truques com cartas parece óbvio demais... Arremesso de facas?

Pega sua xícara e deixa o aroma do chá dominar suas narinas. Se lhe dissessem que estaria tomando outra coisa que não cerveja na taverna a noite ele provavelmente riria. Mas alí estava ele. Deu um gole na bebida quente.

-Hm, isso está realmente bom!

O oficial faz uma cara de confuso, mas responde como foi solicitado como se obedecesse um superior, parece afinal que Olothar ofereceu a Corvinus mais do que uma carta de negócios aos mercadores, mas acesso a uma posição de respeito com a guarda local.

- A maior parte do grupo esta... ali, de onde o senhor veio. A tielfiling participou do torneio de cartas e chegou a final junto de um companheiro que saiu vencedor, mas ele não foi visto depois que saiu de lá, após ter passado a tarde perguntando sobre a cidade. A garota parece ser uma artista famosa, e esteve procurando um bandolin mágico com Oro Bar.

Passando os olhos de um integrante pro outro dele continua.

- A menina foi avistada tentando invadir o camarote de Lorde Ildor e comprou equipamentos simples, já que não tinha recursos para as botas mágicas e demais utensílios, mas ela e a moça exótica- olha para Akemi- estiveram com lorde Olothar pouco após o teu contato com ele. E eles conversaram sobre os ataques que estão ocorrendo e algumas informações novas que ela trouxe, o senhor tem toda liberdade para adquirir dela esses pontos. Parece que já há uma predisposição delas em participar da missão de reconhecimento.

A primeira noite após tanto tempo onde aquele velho anão tinha o sorriso largo era talvez a maior atração da taverna para quem estava na mesa com ele.

Ninguém estava acostumado a vê-lo com aquele olhar leve, conversando animadamente com os alunos desde cedo e por isso era ele o centro de atenção daquelas pessoas. Ostentando os anéis na barba majestosa, ele estava muito bem vestido aquela noite, e sentado ao seu lado Oro Bar, o gnomo, acompanhava-o com um robe que o destacava das demais pessoas, afinal, as pedras preciosas presas demonstravam seu poder pecuniário. Apesar disso o mercador parecia como qualquer um dos garotos pobres da mesa e gargalhava das histórias contadas pelas pessoas na mesa enquanto fumava seu cachimbo.

Domingos chegava com mais uma rodada de cerveja e agora trazia um canecão colocando na frente de Angus.

- Essa é pro Senhor! Queríamos agradecer por todos esses anos nos ensinando e sendo como um pai pra nós! E confesso, aguentar os esporros ta sendo mais fácil agora !

Apesar daquela mesa tem sua atração particular, todos viram a comoção causada por Tárihir e Corvinus, o grupo dos tielfilings chamava atenção e comentários vez ou outra eram trocados pelas pessoas na mesa.

Angus estava ansioso a espera de Olotári, ter contato novamente com alguém envolvido em todo aquela história era uma emoção particular, os pensamentos sobre aquela noite não o deixavam, a dor, a angústia, a saudades e o júbilo se misturavam junto à um medo inexplicável.

Dentro de um grande sacão de estopa, os dois escudos estavam bem alocados e guardados, para que fossem entregues aos seus donos. Um deles o encontraria ali, mas e outro? O que afinal tinha acontecido aquela noite? Quem era aquela pessoa, e o que queriam consigo?

A caneca parece estranhamente desajeitada em minhas mãos. Talvez seja porque é de porque é de madeira velha, claramente feito por alguém que decidiu parar pois "já estava bom"...

Für Moradin... Uma cerveja?! Acho que hoje mereço.

Ainda há muitas coisas que ainda estão sem resposta. Os últimos dias passam em minha mente de forma dura, até para mim. Escudos feitos de coração, de um coração de aço, porém, mesmo cada um aguardando seu dono, espero ter feito meu sangue valer.

Sinto o olhar curioso de meus alunos e outras pessoas na taverna. Com a barba, uma cascata de fios brancos como platina, trançado abaixo do queixo e nos extremos do bigode, fixados por anéis de ouro, tendo adornos talhados.

- Brindar à mim não fará você forjar melhor, seu preguiçoso! - Grito a Domingos, que obviamente é o melhor aluno. É um humano, mas é bom.

Com a caneca ainda em mãos, lentamente projeto meu corpo mais a frente, gesticulando com a mão que todos se aproximem e escutem. Com a atenção de todos, deslizo a caneca até minha frente, anunciando que o que será dito apenas deve ouvido por eles.

- Ainda estamos em aula, seu idiotas - Rosno e faço uma pausa esperando todos se silenciarem de fofocas e sussurros. - Hoje eu quero ensinar para vocês que existe algo que punhais não perfuram, machados não cortam, martelos não esmagam e nem a maior das grades prende. Estamos criando, forjando aqui mais resistente que metal: laços.

Recuo, me levantando, tentando mostrar dureza com olhos marejados e com menos de 1,5m de altura. O copo de cerveja em mãos, com braços robustos, tensos e erguidos.

- Um brinde a mais bela de nossas criações!!

Hoje o dia é fantástico e será completo, como deve ser.

Tárihir encara Killua afastar-se com um olhar malicioso, depois de ouvir sua provocação. Ela gostava do senso de humor do Lorde, mas a sua autoconfiança beirava a petulância. Vira-se novamente para Alícia e cochicha:

_ Eu ouvi o mesmo de um mercador esta tarde, ele disse que estão contratando mercenários. Mas como vocês foram parar na sala do Olothar? - de repente, após uma pausa reflexiva - Uau, a Akemi? Vou tomar cuidado com as provocações que a faço, não sabia que era uma boa lutadora. - Então, retoma seus pensamentos - Ele falou algo mais sobre o conflito? Quem está atacando a cidade?

É interrompida ao sentir algo roçar suas pernas. Olha para baixo e revê o gato que acompanhara Caldwell mais cedo. Desta vez, não tem dúvidas. O animal era um tanto quanto inconfundível. Aponta para o animal e pergunta a Alícia:

_ Esse não é o gato do Caldwell? Ao menos estavam juntos quando ele chegou na taverna, no início da tarde. Talvez ele esteja mesmo por aqui.

Levando sua xícara à boa, sorve um pouco do chá, estalando a língua de prazer, amava uma boa infusão e aquela era uma das melhores.

- Fazia meu número com argolas, era divertido, as vezes elas estavam em chamas, daí o cuidado era redobrado, pelos queimados cheiram mal.

Akemi sorri de canto de boca por cima da xícara.

-Um segredo por outro.

- Eles acham que os ataques vem de Sembia, mas ainda não têm certeza. O velho tava nos nervos, bem preocupado.

Alícia dá um pulo ao sentir o gato em seus pés, quase como um ratinho acoado.

- Argh, gato... - Após a pergunta de Tahirir, ela olha o gato de novo. Não tinha como não lembrar dele, era um bichano bem diferente. - Simmm, com certeza é!! Gatin gatin, cadê o Caldin??

Ela se abaixa para acariciar o gato, como se ele fosse responder sua pergunta, ou, no mínimo, fugir até onde estava Caldwell.

Ou será que Caldwell estava preso e o gato ficou ali abandonado??? O pensamento a preocupa.

As pessoas brindam alto numa mesa no centro do salão, um gnomo mercador, conhecido por alguns na cidade, está na mesa com um anão e alguns jovens humanos. Tárihir reconhece-o como um dos mercadores que a atendeu mais cedo e Killua recebe do oficial a confirmação de que aquele era o mercador que seria seu contato para adquirir o equipamento que Olothar havia citado quando fosse a hora.

Scorn deixa o chá de lado alguns instantes e se foca em seu ensopado. Faz novamente alguns gestos com a mão e o vapor torna a subir com mais ênfase.

-Argolas em chamas? Não parece tão mais perigoso... - Disse com sarcasmo - Mas eu também odiaria ter os cabelos queimado!

Deu uma risada antes da apanha tigela e praticamente virar conteúdo guela abaixo antes de pôr o recipiente de lado. Pegou a xícara entre as mãos e parou pensativo.

-Uma vez fiz um "truque" com uma conhecida, na qual ela me amarrava na fogueira e "exorcisava o Demônio"... A maioria das pessoas comuns nunca viu um dos meus, então elas geralmente não sabem que fogo não me incomoda tanto. Mas ela embebida a lenha com rum, ou alguma bebida dessas, pras chamas ficarem azuladas, dar um efeito mais "divino"! O que a gente não levou em consideração é que eu não deveria estar usando roupas de algodão... Passei a semana seguinte usando as saias dela antes de chegarmos em uma vila com um alfaiate, e gastei metade do que ganhei com meu pequeno número... Uso calças de couro desde então!

Deu uma risada baixa e tomou mais um pouco do seu chá.

Akemi ri tanto da história, que o chá sai pelo nariz, imaginara ele vestindo saias, aquela era uma travessura digna de seu povo.
Pegando um lenço no vestido, limpa a bagunça que fizera.
Tenta recuperar a dignidade, mas não consegue, ainda está sorrindo.

-Também gosto do fogo, foi o primeiro elemento que aprendi a dominar, gosto do jeito que ele se move e busca o ar.
Essa linha,(mostra uma fina linha de tinta vermelha no pulso) foi Minha segunda tatuagem no mosteiro, ela representa o caminho do fogo.
Mostrando a outra mão
Essas espirais são o caminho do ar, foi Minha 3 tatuagem, bem mais difícil de se conquistar(outra fina linha com espirais)
Meu Mestre diz que sempre aprendemos primeiro o elemento que temos afinidade.
Sinto falta do Mosteiro, essa é a primeira vez que fico meses longe, se não fosse tão importante o que eu busco, voltava para lá amanhã mesmo.
O mundo aqui fora me fascina e assusta.
Mas pelo menos algumas coisas foram boas surpresas, você, Alicia, outras eu ainda não sei se são uma benção ou maldição.

O gato encara Alicia é da outro miado rouco antes de ronronar e se esfregar na mão que o acariciava. Ergueu a cabeça, como se exigisse ser acariciado no queixo.

Scorn observa as tatuagem de Akemi. Eram delicadas e bem feitas, ao contrário das suas. Mas o conceito de tatuagens marcando passagens não lhe era incomum. E já ouvirá histórias de que alguns dos melhores tatuadores viviam em monasterios.

-Muito bonitas! Não vou perder seu tempo mostrando as minhas... A maioria foram apostas perdidas, ou eu estava bêbado demais pra me lembrar do significado, mas um conselho, nunca deixe um anão bêbado te tatuar! - Disse com um meio sorriso - Mas o que está buscando? Sabe pra onde ir ou é uma busca mais metafórica?

Por um momento quase pede para ver as tatuagens, mas se lembra à tempo que isso poderia ser um pedido grosseiro.

-Vou me lembrar de não fazer tal coisa, mas se quiser consertar as suas, meu Mestre é um exímio artesão.
Nunca fiquei bêbada, deve ser por isso que só tenho 3 tatuagens.
Diz em tom brincalhão.

Aproximando o rosto até perto dele fala em tom baixo:


-Estou à trabalho do Mosteiro e da minha Ordem, sirvo aos monges flagelados de Ilmater.
Busco um grupo de cruéis assassinos, para levá-los à justiça.
Algumas pistas me indicaram essas paragens.
Mas parece que aqui já tem problemas demais.
O Prefeito está preocupado com os rumos da segurança da cidade, parece que os rumores que Alicia ouviu estavam certos.
Mas não acho que seja só um entreveio com orcs, isso tem cheiro de encrenca das grandes.
Quando percebe que está quase nariz com nariz com ele, se afasta.
Sabe dos olhares que estão sendo brindados, não precisava colocar mais lenha naquela fogueira.

Os tempos hoje são outros e é tão bom ver todos se animando depois dos últimos tempos.

O cheiro de cerveja, as conversas, a belíssima apresentação da tiefling, as risadas, a comida, o aroma de chá...
De chá?!

Reparo agora no casal na mesa ao lado,bem próximos de mim. Xícaras de chá de porcelana pálida e adornos belos, pra humanos, óbvio. Uma humana estranha com a pele muito branca para ser algo saudável e olhos como se tivessem puxado o rosto.
Seu companheiro é um chifrudo, se gabando de como pegou fogo uma vez na vida e zombando de anões.
HAH!, aposto que nunca fez nada com essas mãos de alfaiate, nem mesmo um prato.

Não vou mentir... É bonito isso, essa paixão desses jovens.
Quando se está apaixonado e ri de coisas bestas, compartilha sua vida, as aventuras e desventuras, os olhos brilham como moedas de platina polidas ou uma espada recém resfriada em óleo.
Quando a fornalha da alma acende, o frio escala entranhas, a pele arrepia como ouriços e a mente bagunça como... Algo bagunçado. Fracamente! Eu sou um ferreiro e não um poeta.

Ah.. Se ela estivesse aqui, duvido que seria diferente comigo... - Minha voz com sotaque anão carregado e rouca escapa pela cortina de pelo que é o meu bigode.

Droga! Fiquei hipnotizado! Parado com a mão pesada servindo de apoio para meu rosto barbado, com o cotovelo em mesa, vidrado na conversa alheia...
Espero que ninguém tenha reparado.

Eu deveria chama-los para beber e dizer que o amor deles é belo?
"Francamente, Angus!! Deixe os jovens se divertir!" - Digo a mim mesmo, na minha mente inquieta.

Volto aos meus alunos, com o sorriso estampado em meu rosto. Há algo nesta taverna que me intriga. Há algo por vir, posso sentir isso. Juro pela minha barba.

"Gatinho abusado" - Alícia pensava enquanto obedecia as vontade do gato. Parecia tão espertalhão quanto o dono.

- Vem bichano, vamos procurar seu dono. - ela pega ele gentilmente no colo, se ele deixasse.

Quando se levanta, e olha ao redor. Percebe a mesa onde antes sentavam o Lorde Corvinus e o Oficial, e outros que também pareciam abonados. Certamente iam comer do bom e do melhor. Alícia não conseguia ficar quieta, toda aquela agitação e pessoas. Ela diz "já volto" para Tahirir e sai com o gato no colo até aquela mesa, na maior cara de pau.

- E aí, já pediram a janta??? Vão comer tudo sozinhos?? Divide aí cum nóis, "chefia"!

Ela olha para eles com uma cara deslavada, sem vergonha nenhuma de pedir, ao mesmo tempo que olhava para aquelas pessoas com um ar de desafio.

Esse rubor, a vermelhidão no meu rosto queima de forma incômoda.
O que está havendo contigo, Angus? Eu não consigo me conter. Desde o chamado, sinto que a vida tem uma alegria inexplorada, ainda não vista pelos meus olhos esverdeados, como se fosse um livro recém escrito ou um martelo nunca usado.

Uma voz quebra minha reflexão. Uma voz claramente humana. Só humanas podem ter um tom de voz desses.

- - E aí, já pediram a janta??? Vão comer tudo sozinhos?? Divide aí cum nóis, "chefia"!

Parece ser uma pedinte... Não, muito arrumada para uma sem-teto.
Ela está com vestindo um capuz cobrindo parte do rosto claramente jovem, entretanto é impossível negar o sorriso que rasga a sombra. Há uma alegria de uma humana jovem.

É disso que eu gosto nos humanos! Sempre intensos e emocionados. É belo de ver.

Talvez seja isso. Ver o que o estranho me aguarda.

- Aqui, garota! - Grito à garota estranha - Sente-se ao menos. Não é como se fosse comer em pé!

Faço sinal ao taverneiro, pedindo qualquer coisa para comer, antes que ela coma aquele rato estranho no colo dela... Calma, aquilo é um gato?!

_ Sembia? Ele falou algo sobre o motivo do conflito? - indaga a Alícia. Tárihir, agora, tendia a concordar que aceitassem a proposta, mas não antes de saber onde estava pisando. Temia que se afundassem em areia movediça.

O brinde barulhento vindo de uma das mesas do salão rouba a atenção da tiefling. Entre as pessoas envolvidas, identifica o mercador que lhe dera algumas informações sobre a contratação de mercenários.

Enquanto está distraída, vê Alícia carregar o gato esquisito até a mesa onde está o Lorde Corvinus para pedir que dividissem um pouco da comida farta. Assiste um estranho chamar a atenção da garota e se preocupa. Talvez esse fosse um dos motivos pelos quais não se aproximava de muitas pessoas, era uma droga se importar. Mas, apesar de muito esperta, Alícia era impulsiva.

Se levanta e caminha até Alícia. Ao lado dela, fala:

_ Tudo bem por aqui?

Alícia percebe que o Oficial não estava ali, nem o tal Lorde Corvinus, e fica olhando para as caras de confusos das pessoas daquela mesa que nunca tinha visto. Quando ouve o grito vindo de outra mesa, se surpreende e caminha animada até mais um bando de desconhecidos.

- Jura?? Posso mesmo??

Ela olha desconfiada para o anão, parecendo analisá-lo por uns segundos. Até que ela sorri e puxa uma cadeira, já vendo Tahirir se aproximar também e puxando outra cadeira, se é que cabia mais.

- Eu sou Alícia, e essa é minha amiga Tahirir, ela vai cantar essa noite!! Esse aqui é o gato do meu outro amigo, olha como tá magro, eu acho que ele quer guisado!

Alícia olhava para todos com empolgação. Já havia esquecido a conversa tensa com Lorde Olothar. Olhava para aquelas pessoas felizes na mesa e pensava que Tymora andava olhando por ela. Geralmente a mandavam embora, mas parecia que estava em uma verdadeira festa! Voltando a olhar para o anão ela fala:

- E tu, vovô anão, como se chama??